terça-feira, 5 de maio de 2009

Vida de Cachorro - Os Mutantes


Composição: Rita Lee / Arnaldo D. Baptista / Sérgio Baptista

Vamos embora companheiro,
vamos eles estão por fora
do que eu sinto por você

Me dê sua pata peluda, vamos passear
Sentindo o cheiro da rua

Me lamba o rosto, meu querido, lamba
E diga que também você me ama

Eu quero ver seu rabo abanando
Vamos ficar sem coleira

Vamos ter cinco lindos cachorrinhos
Até que a morte nos separe, meu amor!


Primeira canção brasileira em defesa dos animas, na esteira dos movimentos que estão, hoje, tão ativos.

Dá pra voar na interpretação dos três primeiros versos: “Vamos embora, companheiro, vamos / Eles estão por fora / do que eu sinto por você”. O “companheiro” pode ser, de cara, considerado uma alusão ao modo de tratamento entre participantes dos movimentos de esquerda, todos quase já dizimados, desaparecidos ou exilados no ano de lançamento do disco, 1972.

A gíria “estão por fora”, hoje de cabelos brancos, é fotografia fiel da linguagem jovem da época. Depois de pedir ao companheiro a “pata peluda” e muitas lambidas, além de propor-lhe um passeio e um diálogo, o eu que canta propõe: “Vamos ficar sem coleiras”.

Não sei o que o leitor acha, mas a impressão que tenho é a de que Vida de Cachorro, além de demarcar os primeiros efeitos das lutas pelos direitos dos animais na canção brasileira, é uma manifestação das bandeiras de liberdade da década de 70, para além das ideologias.

Texto: As Influências, as bandas e a máquina do tempo - Escrito por Barizon em 19/02/2009, na categoria Máquina do Tempo.
Fonte: identidademusical.com.br/blog/2009/02/page/2/

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